sexta-feira, 10 de maio de 2013
segunda-feira, 6 de maio de 2013
Matéria aprovada pelo Prof. Neri Evang da NERI CLASS
Quando se fala em vocabulário ou em palavra, é necessário entendermos os
vários aspectos que o conceito abrange, como mostra o gráfico ao lado. A
distinção entre forma oral e escrita é de importância maior no caso de uma
língua como inglês, cujo grau de correlação entre pronúncia e ortografia é
notoriamente baixo (veja Correlação Pronúncia x Ortografia).
Também a distinção entre significado e função gramatical é importante no
caso do inglês, devido à grande quantidade de palavras que podem ocorrer como
substantivo, como adjetivo e até como verbo. Exemplos: work, study,
drink, walk,etc.
Além disso, o aprendiz de uma língua estrangeira deve ter consciência da
importância maior que as palavras de conteúdo semântico têm sobre as palavras
funcionais, quando o objetivo é comunicar. Palavras de conteúdo semântico são:
substantivos, verbos, adjetivos e advérbios. Palavras de função gramatical são:
artigos, preposições e conjunções.
QUE SIGNIFICA "SABER VOCABULÁRIO"?
Assim como não é a quantidade de cores que determina a beleza de um
quadro, não é o número de palavras que influencia diretamente o nosso poder
de comunicação.
Embora
pareça natural ao leigo relacionar domínio sobre uma língua com quantidade de
vocabulário, não existe no âmbito da lingüística aplicada teoria equacionando
habilidade em línguas com conhecimento de vocabulário. Nem habilidade nem
conhecimento teórico em língua estrangeira podem ser medidos pelo número de
palavras que a pessoa "sabe".
Em
primeiro lugar, devemos investigar o significado de "saber", de
"ter" ou de "conhecer" vocabulário. Saber uma palavra
significaria apenas reconhecê-la quando a vemos, ou seria mais do que isso:
dispor dela para expressarmos nossos pensamentos? Bastaria o conhecimento
passivo, ou esse conhecimento teria que ser ativo? E bastaria reconhecê-la na
sua forma escrita, ou teríamos que ter também a habilidade de reconhecê-la na
sua forma oral? E se a reconhecêssemos na sua forma oral, seria o bastante
reconhecê-la quando pronunciada isoladamente e claramente, ou teríamos que
ter a habilidade de reconhecê-la quando
pronunciada dentro de uma frase em velocidade normal de conversação,
às vezes em meio a outros ruídos?
Por
aqui já poderíamos concluir que a maioria de nós não tem um conceito claro do
significado de "saber uma palavra". Entretanto, existem ainda
muitos outros argumentos para demonstrar que não se mede conhecimento nem
fluência em línguas pelo número de palavras que se "sabe".
Podemos
concluir, portanto, que é praticamente impossível quantificar vocabulário, e
podemos também inferir que habilidade (fluência) em línguas não está
diretamente relacionada a simples familiaridade com vocabulário.
Só a
estruturação gramatical da língua, isto é, a forma como o pensamento é
estruturado, já é tão ou mais importante do que seu vocabulário. Uma coleção
de palavras nunca chegará a formar uma língua. São necessárias as regras do
jogo além das peças.
Línguas
são fenômenos complexos que incluem também fonética, morfologia, sintaxe,
cultura, etc. "Linguagem é um sistema de representação cognitiva do
universo pelo qual as pessoas constroem suas relações", como colocou uma
freqüentadora do nosso site. Sistema esse, moldado pela identidade cultural
de cada nação.
Assim
como não é o número de páginas que determina a qualidade de um livro, nem a
quantidade de cores que determina a beleza de um quadro, não é o número de
palavras que influencia diretamente o nosso poder de comunicação.
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Se fosse possível quantificar conhecimento sobre vocabulário, poderíamos
nos arriscar a dizer que plena proficiência em um idioma estrangeiro, ou seja,
fluência, depende 80/90% de pronúncia, 70/80% de gramática e talvez 10/20% de vocabulário
(apenas 5% segundo Hammerly, considerando-se todas as palavras existentes no
dicionário).
Portanto, habilidade em línguas não está diretamente relacionada
simplesmente a familiaridade com vocabulário e, por esta razão, vocabulário não
deve ser colocado como a grande prioridade durante a fase inicial do
aprendizado. Vocabulário tende a ser mais facilmente assimilado à medida em que
o aprendiz familiariza-se com a estrutura gramatical da língua e mais
corretamente assimilado à medida em que se familiariza com a pronúncia da
língua. Além disso, o ensino de vocabulário não deve ser predeterminado e
dirigido, mas sim deve seguir um desenvolvimento naturalmente direcionado aos
interesses do aprendiz e que progride na medida em que há contato com a língua
em situações reais de comunicação.
PALAVRA x LOCUÇÃO
WORD vs. LEXICAL PHRASE
WORD vs. LEXICAL PHRASE
"Vocabulary has been
traditionally thought of as individual words. Of course, this layman's view is
inadequate because vocabulary includes many units which are larger than individual
orthographic words." Norbert Schmitt &
Ronald Carter
Lexical phrases, também denominadas word combinations,
collocations ou lexical chunks, são grupos de palavras que
aparecem freqüentemente juntas e que adquiriram identidade e significado
próprios. Do ponto de vista do aprendizado de línguas estrangeiras, e dentro de
uma visão lingüística comunicativa-funcional, o conceito de lexical
phrase como sendo a unidade de vocabulário é fundamental, pois leva o
aprendiz a concentrar atenção em elementos conceituais que constituem a
estrutura do discurso, mantêm sua coerência e caracterizam aspectos culturais.
Exemplos em português: bom dia / com licença / você
é que sabe / por esta razão / pessoa jurídica.
Exemplos em inglês: good morning / it's up to you / what I'm trying to say / as far as I'm concerned.
Exemplos em inglês: good morning / it's up to you / what I'm trying to say / as far as I'm concerned.
É importante portanto prestar atenção à indivisibilidade de certos
grupos de palavras, dissociando-se a unidade léxica da unidade ortográfica
demarcada por espaços.
There are an estimated
750,000 words in the English language. Nearly half of these are of Germanic (or
Teutonic) origin, and nearly half from the Romance languages (languages of
Latin origin such as French, Spanish, and Italian or Latin itself). Excerpted from Compton's Interactive Encyclopedia.
"From a lexical point
of view, English is in fact more a Romance than a Germanic language." David Crystal, in English as a Global Language. Cambridge
University Press, 1997.
No caso de aprendizes brasileiros, o problema de vocabulário é reduzido
por ser o português uma língua latina e por ter o inglês cerca de 50% de seu
vocabulário proveniente do latim. É principalmente no vocabulário técnico e
científico que aparecem as maiores semelhanças entre as duas línguas, mas
também no vocabulário cotidiano encontramos palavras que nos são familiares. Por exemplo: article, aspect, company, computer, contrast,
creative, dictionary, exam, example, government, history, human, important, individual,
influence, interesting, justice, liberty, license, method, modern, music,
necessary, oficial, origin, photograph, production, project, pronunciation,
revolution, student, supermarket, telephone, traditional, vocabulary, etc., são
palavras que brasileiros entendem sem saber inglês. Leia mais sobre a
influência do latim e do francês sobre o inglês em História da
Língua Inglesa.
CONTRASTES
É importante dar-se conta, entretanto, de que vocabulário não limita-se
a palavras. Também devem ser vistas como elementos de vocabulário as locuções
idiomáticas (idioms), e muitas das frases usadas para
expressar idéias comuns em situações cotidianas. Os maiores contrastes de
vocabulário entre inglês e português (e conseqüentemente as maiores
dificuldades) ocorrem justamente neste aspecto coloquial dos idiomas.
False
cognates (falsos cognatos) também representam uma
dificuldade peculiar no plano de vocabulário. Às vezes chamados de falsos
amigos, falsos cognatos são palavras derivadas do latim, que têm portanto a
mesma origem e que aparecem em diferentes idiomas com ortografia semelhante,
mas que ao longo dos tempos acabaram adquirindo significados diferentes.
Poderíamos relacionar pelo menos uns 30 falsos cognatos relevantes pela
freqüência com que ocorrem, e com os quais portanto o aluno deve procurar
familiarizar-se.
Os verbos make, do, take e get,
verdadeiros "curingas" ou "paus para qualquer obra",
equivalentes aos verbos ficar e fazer do
português, são responsáveis por um grande número de expressões com
característica idiomática, e representam uma notória dificuldade. Um aluno de
nível intermediário deve buscar adquirir familiaridade com as ocorrências mais
comuns destes verbos.
Outro tipo de formas idiomáticas em inglês são os multi-word
verbs, também chamados de phrasal verbs (verbos
preposicionais, em que a adição de uma palavra (normalmente uma
preposição) altera substancialmente o significado original do verbo. Também
aqui o domínio de um certo número, talvez cerca de 20 ou 30 destas expressões,
atende as necessidades mesmo de quem se propõe a alcançar um bom nível de
proficiência em inglês.
Outra dificuldade, raramente focalizada em livros de ensino e cursos de
inglês, é a questão da ambigüidade léxica, ou multi-meaning
words (palavrasde múltiplo sentido). Em qualquer idioma
sempre existem palavras que assumem diferentes significados. Quando isto ocorre
com a língua estrangeira, no nosso caso com o inglês, a dificuldade é menor do
que quando ocorre com a língua materna. São inúmeras as palavras de significado
múltiplo em português, e freqüentemente este múltiplo sentido não tem
correspondente em inglês. Sempre que diferentes idéias representadas pela mesma
palavra na língua materna corresponderem a diferentes palavras na segunda
língua, o aluno terá dificuldades em expressar-se.
ORIENTAÇÕES
Sempre que o aluno aprender uma nova palavra ou expressão, deve procurar
assimilar não apenas o significado, a função gramatical na frase e a
ortografia, mas também (e principalmente) a pronúncia da palavra.
O desenvolvimento do vocabulário da pessoa é fruto direto do contato com
a língua, tanto falada como escrita. Para níveis intermediários e avançados, a
leitura é especialmente recomendada, pois proporciona o desenvolvimento de
vocabulário principalmente para termos literários, técnicos e científicos.
Também é recomendável, assim que possível, fazer uso de dicionários
monolíngües. Além disto, o contato com estrangeiros, filmes e gravações em
geral servem como fonte de vocabulário, em especial do tipo coloquial. Filmes
falados e legendados em inglês (closed caption) são ótimos. A
atitude ideal para desenvolver-se vocabulário não é a de armazenamento forçado
na memória, mas sim a de esforço criativo para expressar-se e exercício
constante de relembrar o que já foi aprendido. Isto porque o fundamental não é
apenas reconhecer (vocabulário passivo), mas dispor de palavras no momento em
que se expressa (vocabulário ativo).
Os materiais apresentados aqui nesta seção não estão na forma de plano
de aula; são apenas materiais de referência para consulta, e úteis na
elaboração de planos de aula. These materials
are not lesson plans. They are mainly "resource" type materials.
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